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Eugenia pós-moderna

“[...] Solicitado por um casal que lhe pedia para autorizar a morte do filho incurável, Hitler respondeu favoravelmente. Decidiu então que o mesmo destino seria imposto sem apelação a todos os recém-nascidos portadores de deformações ou anormais. No dia 18 de agosto de 1939, uma circular do Ministério do Interior obrigava os médicos e parteiras do Reich a declarar as crianças que sofriam de uma deformidade. Reunidos em seções especiais, elas foram mortas pela injeção de drogas ou pela fome.” ¹
Adolf Hitler era um homem de muitos intentos. Um dos mais ambiciosos era a eugenia, que consistia na ideia de "purificar" a humanidade e eliminar todos os "indesejáveis" que porventura viessem a nascer. Dentre os ditos indesejáveis, incluíam-se crianças que possuíssem alguma doença grave ou algum defeito físico. Para o ditador, a humanidade deveria se tornar uma "raça pura", sem defeitos. O Partido Nazista, sob a coordenação de Heinrich Himmler, matou inúmeras crianças em nome da construção de uma população ariana. Crianças que não tiveram nenhum tipo de defesa ou escolha. Sua deficiência era o requisito bastante para que morressem em nome de um objetivo supostamente nobre: afinal de contas, para que manter viva uma criança que não terá condições de levar uma vida normal? Perguntavam os eugenistas com ar de intelectualidade típico dos que defendem o indefensável.


Nos dias de hoje, o Partido Nazista não existe mais. Mas suas ideias continuam vivas, ainda que com argumentos mais refinados ou formulações esteticamente mais aceitáveis, elas insistem em não morrer e são verbalizadas por aqueles que tem uma certa predileção pela morte - dos outros, claro - principalmente se suas vítimas forem absolutamente incapazes de lhes acusarem. As crianças deficientes da Alemanha Nazista hoje são substituídas por fetos que possuem microcefalia.

Matar um feto soa menos grave do que matar um recém-nascido porque é sempre mais fácil se livrar daquilo que não se chegou a conhecer. Não são poucos os profissionais renomados que já se posicionaram a favor do aborto dos microcéfalos. A própria ONU já se pronunciou se mostrando também favorável. Estamos diante de uma flagrante repaginação da eugenia nazista. A diferença, é que agora, as crianças sequer terão direito a ver a luz, serão eliminadas antes mesmo de serem concebidas.  

A questão é que a microcefalia, na maioria dos casos, NÃO é incompatível com a vida. Temos inúmeros relatos de pessoas que cresceram com o problema e levam uma vida razoavelmente tranquila, como no caso da jovem Ana Carolina Dias Cáceres, que apesar da microcefalia, escreveu um livro e concluiu a faculdade de jornalismo (leia a reportagem clicando aqui). Isso evidencia que, se o aborto for liberado nos casos de microcefalia, teremos um grande precedente para que, futuramente, qualquer feto que seja diagnosticado com alguma deficiência possa ser legalmente descartado. Afinal, por que ter um filho com Síndrome de Down,por exemplo?

Se isso não é uma versão pós-moderna da eugenia, não sei o que pode ser. O mais assustador é ver que tudo ocorre com a chancela da ONU. A instituição que foi criada para evitar que o nazismo ressurgisse tornou-se a grande responsável pela sobrevivência das ideologias do Reich.

[1] BURRIN, Philippe. Hitler e os Judeus – Gênese de um genocídio. (trad. Ana Maria Capovilla). Porto Alegre, L&PM, 1990. p. 68.
Eugenia pós-moderna Eugenia pós-moderna Reviewed by Alcino Júnior on sábado, fevereiro 06, 2016 Rating: 5

Um comentário:

  1. Meu irmão Alcino, isso é perfeitamente aplicável em diversos casos hoje também quando vemos este mesmo tipo de pessoa achando normal a eugenia dentre algumas tribos indígenas brasileiras, da boca pra fora criticam o nazismo e dizem que Hitler era louco, porém não vêem problema quando a mesma loucura é executada nas tribos brasileiras. Acreditam na velha historeta do mito do bom selvagem que de tão bom possui características similares a de um dos homens mais cruéis que já passou pela sociedade.

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