Nicodemos e o novo nascimento
"Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus."
João 3:3
Ao encontrar-se com Nicodemos, Jesus faz uma declaração assustadora para um judeu de sua época. Ao dizer que o novo nascimento era necessário, o Mestre estava rompendo com um dos dogmas que o então doutor da Lei alimentou juntamente com seus pares ao longo de toda a sua vida. Isso explica o porquê de Nicodemos se sentir desconcertado com a afirmação de Cristo a ponto de fazer questionamentos que hoje são constrangedores para alguém de tamanho gabarito intelectual. Coisas do tipo: "como sendo eu homem adulto poderia tornar ao ventre de minha mãe para nascer de novo?"
Como um bom fariseu, Nicodemos estava habituado à ritualística de seu tempo. Uma vez por ano, o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos e matava um animal para expiar o pecado do povo. Pronto, a expiação estava feita. A propiciação pelos pecados dos israelitas estava concluída. Sem aproximação, sem entrega de coração. Um perdão distante, sem sensação. Um relacionamento insípido.
Tudo isso mudou naquela noite, Jesus agora apresenta ao mestre fariseu um conceito que, até então, o mesmo desconhecia. Cristo diz que não basta a morte de um animal, é necessário ser regenerado — gerado de novo. Nicodemos vê todo sua religiosidade desmoronar diante de seus olhos quando Cristo tira o relacionamento com Deus de uma esfera metafísica mediada por um sacerdote e faz o homem se relacionar diretamente com seu Criador. Dentro de pouco tempo, nenhum animal precisaria mais ser sacrificado, pois o maior dos sacrifícios era o que falava. O que se pediria dali em diante é a aceitação desse sacrifício e uma mudança de conduta. A partir da cruz somos gerados por Deus para uma novidade de vida. O mortal pode agora se relacionar com o Eterno sem escalas.
A regeneração (do grego, paliggenesia) assume um protagonismo nunca antes visto. É ela que, como bem definiu John Wesley "tira o mundo de dentro do crente". Nicodemos teria agora de lidar com a realidade de que seus rituais eram formalidades nulas se seu caráter não fosse transformado.
Hoje, vemos inúmeras pessoas como o doutor da lei. Dispostas a todo tipo de ritual, buscam um Deus distante, um ser dominical que pode ser solenemente ignorado durante os dias úteis. Se Nicodemos achava que o sacrifício de um animal era o suficiente, muitos acham que um culto de domingo resolve o problema. Não percebem que novo nascimento implica em mudança de atitude para com Deus e os homens. O doutor Nicodemos ainda tinha muito que aprender. Talvez tenha saído daquele encontro com mais perguntas do que entrou. Mas com o passar do tempo, aprendeu a lição, quis ter um relacionamento tão próximo com Jesus que, quando Este morreu, ele estava lá disposto a ajudar no que fosse necessário para que o homem que mudou sua vida tivesse um sepultamento digno.
E quanto a nós? Podemos nos considerar nascidos de novo? Ou ainda queremos manter Deus a uma distância segura para que Ele não atravesse a fronteira dos nossas maiores fraquezas? Permita que Ele o gere novamente. Você só tem a ganhar!
Nicodemos e o novo nascimento
Reviewed by Alcino Júnior
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sexta-feira, janeiro 22, 2016
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