Será que o impeachment de Getúlio era mesmo um prenúncio?
Ontem (22), Dilma Rousseff esteve presente no encontro da Executiva Nacional do PDT, em Brasília. A presidente se mostrou bastante confortável (muito mais que no PT, diga-se) junto aos membros do partido que ajudou a fundar.
Dentre outros temas tratados no encontro, como o lançamento da pré-candidatura de Ciro Gomes à presidência em 2018, Dilma teve a oportunidade de discursar, e fez questão de seguir com a tradição de fazer discursos, digamos, desprovidos de responsabilidade. Num dado momento de sua fala acompanhado de perto por Carlos Lupi (aquele político que sempre quis ser o Brizola, mas nem isso conseguiu), a presidente compara o processo de impeachment de Getúlio Vargas com a situação política atual. Segundo ela, o processo de impeachment que Vargas sofreu foi um prenúncio do que está acontecendo agora no país.
Me parece que Dilma está realmente mal assessorada, afinal, ela não tem medido as consequências de seus devaneios. Em 1954, quando Getúlio Vargas sofreu uma tentativa de impeachment (o processo foi barrado pela Câmara), uma das grandes acusações que pesavam contra Getúlio era que, segundo seus opositores, o presidente gaúcho estaria favorecendo certos setores da imprensa em detrimento de outros. É no mínimo uma irresponsabilidade que, uma presidente que vive tomando café da manhã com jornalistas queira citar o exemplo da Vargas como sendo um golpe quando na verdade, a própria Dilma incorre no mesmo erro.
Não quero dizer que Dilma não possa tomar café com quem quer que seja, até porque, pela Constituição atual (que não é a mesma da época do governo Vargas), isso não constituiu nenhum ilícito. Só creio que a comparação foi, no mínimo, infeliz.
Pra encerrar, quero deixar um pequeno registro histórico: Getúlio Vargas teve seu processo de impeachment rejeitado pela Câmara em junho de 1954, pouco tempo depois, o seu opositor Carlos Lacerda sofreu um atentado que quase lhe custou a vida. O episódio ficou conhecido como o atentado da Rua Tonelero. Após investigações, chegou-se à conclusão que o responsável pelo crime foi o chefe da segurança de Vargas, Gregório Fortunato.
Pressionado, mesmo com o processo de impeachment já rejeitado pelos membros do Legislativo, Vargas se suicidaria 19 dias depois.
Prenuncio?
Será que o impeachment de Getúlio era mesmo um prenúncio?
Reviewed by Alcino Júnior
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sábado, janeiro 23, 2016
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